Pesquisa feita em 67 países comparou quantos anos pacientes com câncer vivem após o diagnóstico da doença. No Brasil, pessoas com tumores de mama e próstata estão vivendo mais. Sobrevida caiu entre indivíduos com tumor de estômago.
Um grande estudo publicado na terça-feira no periódico The Lancet constatou que as pessoas estão vivendo mais depois de serem diagnosticadas com câncer. De acordo com os pesquisadores, porém, a sobrevida varia muito de país para país, e é menor na América do Sul, América Central, África e Ásia do que na Europa, América do Norte e Oceania.
A pesquisa analisou dados de 67 países e mais de 28 milhões de pessoas para identificar por quantos anos as pessoas sobreviviam após o diagnóstico de câncer de estômago, cólon, reto, fígado, pulmão, mama, colo do útero, ovário, próstata e leucemia adulta e infantil. O período avaliado foi de 1995 a 2009.
Melhoria — Os pesquisadores concluíram que a sobrevida aumentou sobretudo em pacientes com tumor de cólon, reto e mama. No caso do câncer de mama, em 18 países mais de 85% das mulheres sobrevivem pelo menos cinco anos após a descoberta da doença. É o caso do Brasil: de 1995 a 1999, 78,2% das pacientes tinham esse tempo de sobrevida; entre 2005 e 2009, 87,4% delas viviam mais de cinco anos.
O Brasil também é referência no caso do tumor de próstata, ao lado dos Estados Unidos. Nos dois países, 95% dos pacientes vivem cinco anos ou mais depois do diagnóstico.
Mortalidade — Apesar de os índices estarem melhorando na maior parte do mundo, em alguns casos eles pioraram. No Brasil, houve queda no percentual de pacientes que sobreviveram cinco anos ou mais após o diagnóstico de câncer de estômago. A taxa caiu de 33,1% entre 1995 e 1999 para 24,9% de 2005 a 2009. Enquanto isso, no Chile, esse tempo de sobrevida aumentou de 13,4% para 18% no mesmo período.
O Brasil também está mal avaliado no caso do câncer de ovário: apenas 31,8% das mulheres sobrevivem cinco anos ou mais. Nesse tipo de tumor, o país que apresenta o melhor índice na América do Sul é o Equador, onde 40% das mulheres com a doença vivem cinco anos ou mais.
Tanto em nações desenvolvidas quanto em desenvolvimento, os tumores de fígado e de pulmão são os mais letais. Nos dois tipos de câncer, menos de 20% dos pacientes europeus vivem cinco anos ou mais, enquanto em países como a Tailândia a estimativa não ultrapassa os 9%.
Disparidade — “A variabilidade na sobrevivência se deve a fatores como disponibilidade e qualidade dos serviços de diagnóstico e de tratamento da doença em cada país”, afirma Claudia Allemani, líder do estudo e professora da London School of Hygiene and Tropical Medicine, na Inglaterra. “No século XXI não deveríamos ver diferenças tão grandes na letalidade do câncer. Esperamos que os resultados funcionem como um estímulo para os governantes investirem mais em saúde.”
Fonte: Veja